A Bainha do Punhal

Castro Alves

Fragmento Salve, noites do Oriente, Noites de beijos e amor! Onde os astros são abelhas Do éter na larga flor... Onde pende a meiga lua, Como cimitarra nua Por sobre um dólmã azul! E a vaga dos Dardanelos Beija, em lascivos anelos As saudades de Stambul. Salve, serralhos severos Como a barba dum Paxá! Zimbórios, que fingem crânios Dos crentes fiéis de Alá! ... Ciprestes que o vento agita, Como flechas de Mesquita Esguios, longos também; Minaretes, entre bosques! Palmeiras, entre os quiosques! Mulheres nuas do Harém!. Mas embalde a lua inclina As loiras tranças pra o chão Desprezada concubina, Já não te adora o sultão! Debalde, aos vidros pintados, Aos balcões arabescados, Vais bater em doudo afã... Soam tímbalos na sala... E a dança ardente resvala Sobre os tapetes do Irã!...