Que Cousa é um Ministro

Antônio Gonçalves Dias

I O Ministro é a fênix que renasce Das cinzas de outro, que lhe a vez cedeu: Nasce num dia como o sol que nasce, Morre numa hora como vil sandeu! Se nódoas tem, uma excelência as caia; Mortal sublime, que não sabe rir, Do vulgo inglório não pertence à laia, Dará conselhos, se se lhe pedir! Um bípede de pasta, não de barro, Nos pés se firma por favor de Deus! Dois fardas-rotas trotam trás do carro Em ruços magros como dois lebréus. Agora, sim: temos a pátria salva, Não fará este o que já o outro fez! Grande estadista! basta ver-lhe a calva, D'homem assim não há dizer — talvez! Vede-lhe a pasta, que de cheia estala Só de projetos que farão feliz A pátria ingrata, que seus feitos cala, Ou mais que ingrata, o nome seu maldiz!