Triste lição de experiência deixam Os evos no passar, e os mesmos atos Renovados sem fim por muitos povos, Sob nomes diversos se encadeiam: Aqui, além, agora ou no passado, Amor, dedicação, virtude e glória, Baixeza, crime, infâmia se repetem, Quer gravados no soco de uma estátua, Quer em vil pelourinho memorados. Eis a história! — rainha veneranda, Trajando agora sedas e veludos, Depois vestindo um saco desprezível, D'imunda cinza apolvilhada a fronte. Se as virtudes do pobre não têm preço, Também dos vícios seus a nódoa exígua Não conspurca as nações; mas ai dos grandes, Que trilham senda errada, a cujo termo Se levanta a barreira do sepulcro, Onde se quebra a adulação sem força. Se virtuoso, as gerações passando As cinzas lhe beijaram; se malvado, Cospem-lhe afrontas na vaidosa campa, Jamais de amigas lágrimas molhada. E qual do Egito nos festins funéreos, Maldizem bons e maus sua memória, Lançando à face da real mumia Dos crimes seus a lacrimosa história. Talvez, porém, um infortúnio grande, Um exemplo sublime de virtude, Cobre dourada página, que aos olhos Pranto consolador sem custo arranca. Eis a história! um espelho do passado, Folhas do livro eterno desdobradas Aos olhos dos mortais; — aqui sem mancha, Além golfeja sangue e sua crimes. Tal foi, tal é: retrato desbotado, Onde se mira a geração que passa, Sem cor, sem vida, — e ao mesmo tempo espelho, Que há de ser nova cópia à gente nova, Como os anos aos anos se sucedam. Ondas de mar sereno ou tormentoso, As mesmas na aparência, que se quebram Sobre as d'areia flutuantes praias.