Passeio

Hilda Hilst

De um exílio passado entre a montanha e a ilha Vendo o não ser da rocha e a extensão da praia. De um esperar contínuo de navios e quilhas Revendo a morte e o nascimento de umas vagas. De assim tocar as coisas minuciosa e lenta E nem mesmo na dor chegar a compreendê-las. De saber o cavalo na montanha. E reclusa Traduzir a dimensão aérea do seu flanco. De amar como quem morre o que se fez poeta E entender tão pouco seu corpo sob a pedra. E de ter visto um dia uma criança velha Cantando uma canção, desesperando, É que não sei de mim. Corpo de terra.