Na cidade da realidade encontrada e amada
Caminhei com a brisa pelas ruas
Havia muros brancos e janelas pintadas
As madre-silvas floriam e brilhavam
Os limoeiros de folhas polidas
Caiu uma folha de nespereira sobre o tanque
E o tempo vveio ao meu encontro confundindo
Os meus gestos e os teus nos seus
Eram mil e mil noites uma após outra surgindo
E o meu rosto flutuava entre a manhã e a tarde
E as esquinas ergueram as suas sombras azuis
Ao longo de um silêncio de árabe
E do Abril dos campos veio um perfume inteireo de searas
E quando abri as portas as estrelas surgiram
Na cidade da realidade encontrada e amada
O sol dá lentamente a volta às praças e aos quartos
Para varrer o chão e preparar a noite
Que é redonda azul e atenta
E a porta da cidade é feita de dois barcos
Oh quem dirá o verde o azul e o fresco
O hálito da água e o perfume do vento
Vê-se a manhã criar uma por uma cada coisa
Vê-se quebrar a onda da noite transparente.