No corpo feminino

Carlos Drummond de Andrade

No corpo feminino, esse retiro - a doce bunda - é ainda o que prefiro. A ela, meu mais íntimo suspiro, Pois tanto mais a apalpo quanto a miro. Que tanto mais a quero, se me firo Em unhas protestantes, a respiro A brisa dos planetas, no seu giro Lento, violento... Então, se ponho tiro A mão em concha - a mão, sábio papiro, Iluminando o gozo, qual lampiro. Ou se, dessedentado, já me estiro, Me penso, me restauro, me confiro, O sentimento da morte ei que adquiro: De rola, a bunda torna-se vampiro.