Três Cantos

Casimiro de Abreu

Quando se brinca contente Ao despontar da existência Nos folguedos de inocência, Nos delírios de criança; A alma, que desabrocha Alegre, cândida e pura — Nesta contínua ventura E' toda um hino: — esperança! Depois... na quadra ditosa, Nos dias da juventude, Quando o peito é um alaúde, E que a fronte tem calor: A alma que então se expande Ardente, fogosa e bela — Idolatrando a donzela Soletra em trovas: — amor! Mas quando a crença se esgota Na taça dos desenganos, E o lento correr dos anos Envenena a mocidade; Então a alma cansada Dos belos sonhos despida, Chorando a passada vida — Só tem um canto: — saudade!