Ah, falemos da brisa

Eugénio de Andrade

Eu dizia: "Nenhuma brisa é triste" e procurava água,lábios, um corpo onde a solidão fosse impossível.   Mas quem sabe dessa música cativa nos meus dedos? E depois, como guardar um beijo. mar doirado ou sombra desolada?   Recordava um rio, álamos, o sabor nupcial da chuva, tropeçava em lágrimas e soluços e lágrimas, e procurava.   Como quem se despe para amar a madrugada nas areias, eu dizia: " Nenhuma brisa é triste, triste", e procurava.   E procurava.