A Mulher I

Florbela Espanca

Um ente de paixão e sacrifício, De sofrimentos cheio, eis a mulher! Esmaga o coração dentro do peito, E nem te doas coração, sequer! Sê forte, corajoso, não fraquejes Na luta; sê em Vénus sempre Marte; Sempre o mundo é vil e infame e os homens Se te sentem gemer hão-de pisar-te! Se às vezes tu fraquejas, pobrezinho, Essa brancura ideal de puro arminho Eles deixam pra sempre maculada; E gritam então os vis: "Olhem, vejam É aquela a infame!" e apedrejam A probrezita, a triste, a desgraçada!