Diz-me a tilia a cantar: "Eu sou sincera,
Eu sou isto que vés: o sonho, a graça,
Deu ao meu corpo, o vento, quando passa,
Este ar escultural de bayadera...
E de manhâ o sol é uma cratera,
Uma serpente de oiro que me enlaça...
Trago nas mâos as mâos da Primavera...
E é para mim que em noites de desgraça
Toca o vento Mozart, triste e solene,
E à minha alma vibrante, posta a nu,
Diz a chuva sonetos de Verlaine..."
E, ao ver-me triste, a tilia murmurou:
"Já fui um dia poeta como tu...
Ainda hás de ser tilia como eu sou..."