Sou filha da charneca erma e selvagem. Os giestais, por entre os rosmaninhos, Abrindo os olhos d'oiro, p'los caminhos, Desta minh'alma ardente sâo a imagem. Embalo em mim um sonho vâo, miragem: Que tu e eu, em beijos e carinhos, Eu a Charneca e tu o Sol, sozinhos, Fôssemos um pedaço de paisagem! E á noite, á hora doce da ansiedade Ouviria da boca do luar O De Profundis triste da saudade... E á tua espera, enquanto o mundo dorme, Ficaria, olhos quietos, a cismar... Esfinge olhando a planicie enorme...