Interrogaçâo

Florbela Espanca

A Guido Batelli Neste tormento inútil, neste empenho De tornar em siléncio o que em mim canta, Sobem-me roucos brados á garganta Num clamor de loucura que contenho. Ó alma de charneca sacrossanta, Irmá da alma rútila que eu tenho, Dize pra onde vou, donde é que venho Nesta dor que me exalta e me alevanta! Visôes de mundos novos, de infinitos, Cadências de soluços e de gritos, Fogueira a esbrasear que me consome! Dize que mâo é esta que me arrasta? Nódoa de sangue que palpita e alastra... Dize de que é que eu tenho sede e fome?!