Nihil Novum

Florbela Espanca

Na penumbra do pórtico encantado De Bruges, noutras eras, já vivi; Vi os templos do Egito com Loti; Lancei flores, na Índia, ao rio sagrado. No horizonte de bruma opalizado, Frente ao Bósforo errei, pensando em ti! O silêncio dos claustros conheci Pelos poentes de nácar e brocado... Mordi as rosas brancas de Ispaã E o gosto a cinza em todas era igual! Sempre a charneca bárbara e deserta, Triste, a florir, numa ansiedade vã! Sempre da vida ? o mesmo estranho mal, E o coração ? a mesma chaga aberta!