Na boca

Manuel Bandeira

Sempre tristíssimas estas cantigas de carnaval Paixão Ciúme Dor daquilo que não se pode dizer Felizmente existe o álcool na vida E nos três dias de carnaval éter de lança-perfume Quem me dera ser como o rapaz desvairado! O ano passado ele parava diante das mulheres bonitas E gritava pedindo o esguicho de cloretilo: - Na boca! Na boca! Umas davam-lhe as costas com repugnância Outras porém faziam-lhe a vontade. Ainda existem mulheres bastante puras para fazer vontade aos [viciados Dorinha meu amor... Se ela fosse bastante pura eu iria agora gritar-lhe como o outro: - Na boca! Na boca!