Epístola ao Bardo Muniz

Raimundo Correia

Cala-te, esdrúxulo lírico; Teu estro é bandulho hidrópico! Olha as garras de um satírico! Cala-te, esdrúxulo lírico! Teu verso ao leitor empírico Fere de tópico em tópico... Cala-te, esdrúxulo lírico; Teu estro é bandulho hidrópico! (...) Nos teus preitos esquipáticos Citas tanto bardo, — Hipócrates! Citas autores dramáticos Nos teus preitos esquipáticos Citas talentos simpáticos! Citas Camões! Citas Sócrates! Nos teus preitos esquipáticos Citas tanto bardo, — Hipócrates! Muniz! tu causas-nos cólicas! Erudito de catálogos! Pondo as almas melancólicas, Muniz! tu causas-nos cólicas! Faze antes canções bucólicas, Mas nunca preitos análogos! Muniz! tu causas-nos cólicas Erudito de catálogos! Deita antes verso byrônico, Mas, rápido, a velocípede... Sê ferino, sê irônico! Deita antes verso byrônico! Que diabo! Isso é vício crônico! Espanta que sejas bípede! Deita antes verso byrônico, Mas, rápido, a velocípede... Larga essa lira caquética! Ouve! e desculpa esta epístola! Ó professor de dialética! Larga essa lira caquética! Porque antes não curas ética, Pústula, escrófula e fístula! Larga essa lira caquética! Ouve! e desculpa esta epístola!