Há cidades acesas na distância

Sophia de Mello Breyner Andresen

Há cidades acesas na distância, Magnéticas e fundas como luas, Descampados em flor e negras ruas Cheias de exaltação e ressonância. Há cidades acesas cujo lume Destrói a insegurança dos meus passos, E o anjo do real abre os seus braços Em nardos que me matam de perfume. E eu tenho de partir para saber Quem sou, para saber qual é o nome Do profundo existir que me consome Neste país de névoa e de não ser.