Soneto de Florença

Vinicius de Moraes

Florença... que serenidade imensa Nos teus campos remotos, de onde surgem Em tons de terracota e de ferrugem Torres, cúpulas, claustros: renascença Das coisas que passaram mas que urgem... Como em teu seio pareceu-me densa A selva oscura onde silêncios rugem No meio do caminho da descrença... Que tristes sombras nos teus céus toscanos Onde, em meu crime e meu remorso humanos Julguei ver, na colina apascentada Na forma de um cipreste impressionante O grande vulto secular de Dante Carpindo a morte da mulher amada... Rio, janeiro de 1953