Que Importa?….

Florbela Espanca

Eu era a desdenhosa, a indiferente. Nunca sentira em mim o coração Bater em violências de paixão, Como bate no peito à outra gente, Agora, olhas-me tu altivamente, Sem sombra de desejo ou de emoção, Enquanto as asas loiras da ilusão Abrem dentro de mim ao sol nascente. Minhalma, a pedra, transformou-se em fonte; Como nascida em carinhoso monte, Toda ela é riso, e é frescura e graça! Nela refresca a boca um só instante... Que importa?..., se o cansado viandante Bebe em todas as fontes... quando passa?...