Bolas...
sejam de meia, vidro, plástico, borracha,
celulóide, couro, marfim ou madeira,
até de papel, amarrado com barbante,
sempre fizeram parte da vida do homem.
Assim, jogando gude, futebol,
pelada, pingue-pongue, sinuca, voleibol,
basquete, tênis e muitos outros mais,
vamos batendo nelas com tacos e raquetes,
cabeceando, chutando, socando,
até esvaziarem, rasgarem, quebrarem,
se acabarem.
Aí, o que fazemos?
Vamos ali na loja e compramos outra...
Fácil, não é?...
E a nossa mãe-terra,
essa imensa bola em que vivemos,
e única dotada de vida.
Como agimos com ela?
Também rasgamos suas entranhas,
exaurimos energias,
extinguimos formas vivas,
devastamos tudo que vemos pela frente,
queimamos, poluimos, arrancamos, cortamos,
pintamos o espaço azul com rolos grossos de fumo,
de onde emergem desertos, de troncos calcinados,
florestas fantasma, sem verde, sem alma,
e uma superpopulação, cada vez mais carente,
revoluteando ao redor, sem recursos e sem rumo.
Pobre mãe-terra!
Também agimos, sem qualquer bom senso,
fazendo tudo para que se acabe.
E, quando isso ocorrer,
o que faremos, Zé?
Ora, bolas!
Vamos ali na esquina e compramos outra.
Muito fácil!
Não é?...