I
Como uma flor incerta entre os teus dedos
Há harmonia dum bailar sem fim,
E tens o silêncio indizível dum jardim
Invadido de luar e de segredos.
II
Nas tuas mãos trazias o meu mundo,
Para mim dos teus gestos escorriam
Estrelas infinitas, mar sem fundo
E nos teus olhos os mitos principiam.
Em ti eu conheci jardins distantes
E disseste-me a vida dos rochedos
E juntos penetrámos nos segredos
Das vozes dos silêncios dos instantes.
III
Os teus olhos escorrem como fontes,
E em todo o teu ser existe
O sonho grave, nítido e triste
Duma paisagem de pinhais e montes.
Na tua voz as palavras são nocturnas
E todas as coisas graves, grandes, taciturnas
A ti são semelhantes.