No Palácio Mocenigo onde viveu sozinho Lord Byron usava as grandes salas Para ver a solidão espelho por espelho E a beleza das portas quando ninguém passava. Escutava os rumores marinhos do silêncio E o eco perdido de passos num corredor longínquo Amava o liso brilhar do chão polido E os tectos altos onde se enrolam as sombras E embora se sentasse numa só cadeira Gostava de olhar vazias as cadeiras. Sem dúvida ninguém precisa de tanto espaço vital Mas a escrita exige solidões e desertos E coisas que se vêem como quem vê outra coisa. Pudemos imaginá-lo sentado à sua mesa Imaginar o alto pescoço espesso A camisa aberta e branca O branco do papel as aranhas da escrita E a luz da vela - como em certos quadros - Tornando tudo atento.