A Alma dos Vinte Anos

Alberto de Oliveira

A alma dos meus vinte anos noutro dia Senti volver-me ao peito, e pondo fora A outra, a enferma, que lá dentro mora, Ria em meus lábios, em meus olhos ria. Achava-me ao teu lado então, Luzia, E da idade que tens na mesma aurora; A tudo o que já fui, tornava agora, Tudo o que ora não sou, me renascia. Ressenti da paixão primeira e ardente A febre, ressurgiu-me o amor antigo Com os seus desvairos e com os seus enganos... Mas ah! quando te foste, novamente A alma de hoje tornou a ser comigo, E foi contigo a alma dos meus vinte anos.