Pensas tu, bela Anarda, que os poetas

Antônio Gonçalves Dias

Pensas tu, bela Anarda, que os poetas Vivem d'ar, de perfumes, d'ambrosia, Que vagando por mares d'harmonia São melhores que as próprias borboletas? Não creias que eles sejam tão patetas, Isso é bom, muito bom mas em poesia, São contos com que a velha o sono cria No menino que engorda a comer petas! Talvez mesmo que algum desses brejeiros Te diga que assim é, que os dessa gente Não são lá dos heróis mais verdadeiros. Eu que sou pecador, — que indiferente Não me julgo ao que toca aos meus parceiros, Julgo um beijo sem fim cousa excelente.