Abertura sob a pele de ovelha

Ariano Suassuna

Falso Profeta, insone, Extraviado, vivo, Cego, a sondar o Indecifrável: e, jaguar da Sibila — inevitável, meu Sangue traça a rota deste Fado. Eu, forçado a ascender, eu, Mutilado, busco a Estrela que chama, inapelável. E a Pulsação do Ser, Fera indomável, arde ao sol do meu Pasto — incendiado. Por sobre a Dor, a Sarça do Espinheiro que acende o estranho Sol, sangue do Ser, transforma o sangue em Candelabro e Veiro. Por isso, não vou nunca envelhecer: com meu Cantar, supero o Desespero, sou contra a Morte e nunca hei de morrer.