A infância

Ariano Suassuna

Sem lei nem Rei, me vi arremessado bem menino a um Planalto pedregoso. Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso, vi o mundo rugir. Tigre maldoso. O cantar do Sertão, Rifle apontado, vinha malhar seu Corpo furioso. Era o Canto demente, sufocado, rugido nos Caminhos sem repouso. E veio o Sonho: e foi despedaçado! E veio o Sangue: o marco iluminado, a luta extraviada e a minha grei! Tudo apontava o Sol! Fiquei embaixo, na Cadeia que estive e em que me acho, a Sonhar e a cantar, sem lei nem Rei!