Volúpia imortal

Augusto dos Anjos

Cuidas que o genesíaco prazer, Fome do átomo e eurítmico transporte De todas as moléculas, aborte Na hora em que a nossa carne apodrecer?! Não! Essa luz radial, em que arde o Ser, Para a perpetuação da Espécie forte, Tragicamente, ainda depois da morte, Dentro dos ossos, continua a arder! Surdos destarte a apóstrofes e brados, Os nossos esqueletos descamados, Em convulsivas contorções sensuais, Haurindo o gás sulfídrico das covas, Com essa volúpia das ossadas novas Hão de ainda se apertar cada vez mais!