Esta é a orelha do livro por onde o poeta escuta se delem falam mal ou se o amam. Uma orelha ou uma boca sequiosa de palavras? São oito livros velhos e mais um livro novo de um poeta ainda mais velho que a vida viveu e contudo provoca a viver sempre e nunca. Oito livros que o tempo empurrou para longe de mim mais um livro sem tempo em que o poeta se contempla e se diz boa-tarde (ensaio de bom-noite, variante de bom-dia, que tudo é o vasto dia em seus compartimentos nem sempre respiráveis e todos habitados enfim.) Não me leias se buscas flamante novidade ou sopro de Camões. Aquilo que revelo e o mais que segue oculto em vítreos alçapões são notícias humanas, simples estar-no-mundo, e brincos de palavra, um não-estar-estando, mas que tal jeito urdidos o jogo e a confissão que nem ditongo eu mesmo o vivido e o inventado. Tudo vivido? Nada. Nada vivido? Tudo. A orelha pouco explica de cuidados terrenos; e a poesia mais rica é um sinal de menos.