Fatalidade

Castro Alves

DAMA NEGRA Que fatalidade, meu pai! ÁLVARES DE AZEVEDO ADEUS! ADEUS! ó meu extremo abrigo! Adeus! eu digo-te a chorar de dor! É o derradeiro suspirar das crenças, Que se despedem das visões do amor... Pálido e triste atravessei a vida Sempre orgulhoso, concentrado e só... É que eu sentia que um fadário estranho Meus sonhos todos reduzia a pó. Mas tu vieste... E acreditei na vida... Abri os braços... caminhei pra luz... E a borboleta da fatal crisálida Soltou as asas pelos céus azuis. O tronco morto — refloriu de novo Ergue-se vivo, perfumado, em flor, Abençoando a primavera amiga... Ai! primavera de meu santo amor! Porém que importa, se há fadários negros. . Frontes — voltadas do sepulcro ao chão... Pedras coladas de um abismo à beira... Astros sem norte, de um cruel clarão! Quem mostra o trilho ao viajor das sombras? Quem ergue o morto que esfriou o pó? Quem diz à pedra que não desça ao pego? Quem segue a estrela desgraçada e só? Ninguém!... Na terra tudo vai... gravita Lá para o ponto que lhe marca Deus. Os raios tombam — as estrelas sobem!... Lutar coa sorte — é combater os céus! "Vai! pois, é rosa, que em meu seio, outrora Acalentava a suspirar e a rir... Deixas minha alma como um chão deserto, Vai! flor virente! mais além florir ... "Vai! flor virente! no rumor das festas, Entre esplendores, como o sol, viver Enquanto eu subo tropeçando incerto Pelo patiblo — que se diz sofrer! ... ............................................ Que resta ao triste, sem amor, sem crenças? — Seguir a sina... se ocultar no chão ... ... Mas, quando, estrela! pelo céu voares, Banha-me a lousa de feral clarão!...