A velhice

Olavo Bilac

O neto: Vovó, por que não tem dentes? Por que anda rezando só. E treme, como os doentes Quando têm febre, vovó? Por que é branco o seu cabelo? Por que se apóia a um bordão? Vovó, porque, como o gelo, É tão fria a sua mão? Por que é tão triste o seu rosto? Tão trêmula a sua voz? Vovó, qual é seu desgosto? Por que não ri como nós? A Avó: Meu neto, que és meu encanto, Tu acabas de nascer… E eu, tenho vivido tanto Que estou farta de viver! Os anos, que vão passando, Vão nos matando sem dó: Só tu consegues, falando, Dar-me alegria, tu só! O teu sorriso, criança, Cai sobre os martírios meus, Como um clarão de esperança, Como uma benção de Deus!