“Benedicite”

Olavo Bilac

Bendito o que na terra o fogo fez, e o teto E o que uniu à charrua o boi paciente e amigo; E o que encontrou a enxada; e o que do chão abjeto, Fez aos beijos do sol, o oiro brotar, do trigo; E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo; E o que os fios urdiu e o que achou o alfabeto; E o que deu uma esmola ao primeiro mendigo; E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano, E o que inventou o canto e o que criou a lira, E o que domou o raio e o que alçou o aeroplano… Mas bendito entre os mais o que no dó profundo, Descobriu a Esperança, a divina mentira, Dando ao homem o dom de suportar o mundo!