Atelier do escultor do meu tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

Uma nudez geométrica Implanta nos espaços sucessivos O vazio propício à aparição dos fantasmas É aqui que as estátuas mostram A necessidade sem discurso dos seus gestos Exiladas da vida e da cidade Exiladas do tempo Elas convocam O fragmento a mutilação os destroços O peixe que navega sem perturbar o silêncio