Vi um jardim que se desenrolava Ao longo de uma encosta suspenso Milagrosamente sobre o mar Que do largo contra ele cavalgava Desconhecido e imenso. Jardim de flores selvagens e duras E cactos torcidos em mil dobras, Caminhos de areia branca e estreitos Entre as rochas escuras E, aqui e além, os pinheiros Magros e direitos. Jardim do mar, do sol e do vento, Áspero e salgado, Pelos duros elementos devastado Como por um obscuro tormento: E que não podendo como as ondas Florescer em espuma, Raivoso atira para o largo, uma a uma, As pétalas redondas Das suas raras flores. Jardim que a água chama e devora Exausto pelos mil esplendores De que o mar se reveste em cada hora. Jardim onde o vento batalha E que a mão do mar esculpe e talha. Nu, áspero, devastado, Numa contínua exaltação, Jardim quebrado Da imensidão. Estreita taça A transbordar da anunciação Que às vezes nas coisas passa.