Genebra em dezembro

Vinicius de Moraes

Campos de neve e píncaros distantes        Sinos que morrem  Asas brancas em frios céus distantes        Águas que correm.  Canais como caminhos prisioneiros        Em busca de saída  Para os mares, os grandes, traiçoeiros        Mares da vida.  Cisnes em bando interrogando as águas        Do Ródano, cativas  Ruas sem perspectivas e sem mágoas        Fachadas pensativas.  Chuva fina tangendo namorados        Sem amanhã  Transitando transidos e apressados        Pont du Mont Blanc.  Relógios pontuais batendo horas        Aqui, ali, adiante  Vida sem tempo pela vida afora        Tédio constante.  Tédio bom, tédio conselheiro, tédio        Da vida que não é  E para a qual há sempre bom remédio        Do bar do "Rabelais".