A viagem

Ariano Suassuna

Meu sangue, do pragal das Altas Beiras, boiou no Mar vermelhas Caravelas: À Nau Catarineta e à Barca Bela late o Potro castanho de asas Negras. E aportou. Rosas de ouro, azul Chaveira, Onça malhada a violar Cadelas, Depôs sextantes, Astrolábios, velas, No planalto da Pedra sertaneja. Hoje, jogral Cigano e tresmalhado, Vaqueiro de seu couro cravejado. Com Medalhas de prata, a faiscar, bebendo o Sol de fogo e o Mundo oco, meu coração é um Almirante louco Que abandonou a profissão do Mar.