Dístico

Ariano Suassuna

Sob o Sol deste Pasto Incendiado, montado para sempre num Cavalo que a Morte lhe arreou, vê-se, aqui, quem, na vida, bravo, ardente e indeciso, sonhou. Pelas cordas-de-prata da Viola, os cantares-de-sangue e o doido riso de seu Povo cantou. Foi dono da Palavra de seu tempo, Cavaleiro da gesta sertaneja, Vaqueiro e caçador. Se morreu moço e em sangue, teve tempo de governar seus pastos e rebanhos, e a feiosa velhice jamais o degradou. Glória, portanto, à Morte e a suas garras, pois, ao sagrá-lo, assim, da vida ao meio, do Desprezo o salvou: poupou-lhe a Cinza triste, a Decadência, gravou sua grandeza em pedra e fogo, e assim a conservou.