Solidão Estrelada

Alberto de Oliveira

Eu sou da plaga infinita A solidão estrelada. Homem, cuja alma se agita Sempre inquieta e atribulada, Que tens? que dores consomem O teu coração que, assim, Estacas os olhos, homem, Prendendo-os, atento, em mim? Invejas-me acaso? ouviste Que posso, alma desditosa, Tornar-me feliz, eu, triste! Eu, solidão misteriosa! Vem até mim! vem comigo Estupidamente olhar Este quadro gasto e antigo De nuvens, de estrelas, de ar... Vem compartir o cansaço Que ab aeterno, sem remédio Me faz no enfadonho espaço Bocejar todo o meu tédio. Como enfara o comprimento Desta extensão que produz Os astros no firmamento, Nos astros a mesma luz! E hei de até quando estender-me, Triste, monótona e vasta, Sem que em mim se agite o verme Do tempo, que tudo gasta? Solidão, silêncio enorme, Eis tudo o que sou. Porém, Se amas a dor que não dorme, A dor sem limites, - vem!