A Senzala

Castro Alves

Qual o veado, que buscou o aprisco, Balindo arisco, para a cerva corre... ou como o pombo, que os arrulos solta, Se ao ninho volta, quando a tarde morre..., Assim, cantando a pastoril balada, Já na esplanada o lenhador chegou. Para a cabana da gentil Maria Com que alegria a suspirar marchou! Ei-la a casinha... tão pequena e bela! Como é singela com seus brancos muros! Que liso teto de sapé doirado! Que ar engraçado! que perfumes puros! Abre a janela para o campo verde, Que além se perde pelos cerros nus... A testa enfeita da infantil choupana Verde liana de festões azuis. I É este o galho da rolinha brava, Aonde a escrava seu viver abriga... Canta a jandaia sobre a curva rama E alegre chama sua dona amiga. Aqui naurora, abandonando os ninhos, Os passarinhos vêm pedir-lhe pão; Pousam-lhe alegres nos cabelos bastos, Nos seios castos, na pequena mão. ------------------