Amante

Castro Alves

"BASTA, criança! Não soluces tanto... Enxuga os olhos, meu amor, enxuga! Que culpa tem a clícia descaída Se abelha envenenada o mel lhe suga? "Basta! Esta faca já contou mil gotas De lágrimas de dor nos teus olhares. Sorri, Maria! Ela jurou pagar-tas No sangue dele em gotas aos milhares. "Por que volves os olhos desvairados? Por que tremes assim, frágil criança? Estalma é como o braço, o braço é ferro, E o ferro sabe o trilho da vingança. "Se a justiça da terra te abandona, Se a justiça do céu de ti se esquece, A justiça do escravo está na força... E quem tem um punhal nada carece! ... "Vamos! Acaba a história ... Lança a presa... Não vês meu coração, que sente fome? Amanhã chorarás; mas de alegria! Hoje é preciso me dizer — seu nome!"