Nervos D’oiro

Florbela Espanca

Meus ñervos, guizos de oiro a tilintar Cantam-me n'alma a estranha sinfonia Da volúpia, da mágoa e da alegria, Que me faz rir e que me faz chorar! Em meu corpo fremente, sem cessar, Agito os guizos de oiro da folia! A Quimera, a Loucura, a Fantasia, Num rubro turbilhâo sinto-As passar! O coraçâo, numa imperial oferta. Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mâo, É uma rosa de púrpura, entreaberta! E em mim, dentro de mim, vibram dispersos, Meus ñervos de oiro, espléndidos, que sao Toda a Arte suprema dos meus versos!