O rumor do estio atormenta a solidão de Electra O sol espetou a sua lança nas planícies sem água Ela solta os seus cabelos como um pranto E o seu grito ecoa nos pátios sucessivos Onde em colunas verticais o calor treme O seu grito atravessa o canto das cigarras E perturba no céu o silêncio de bronze Das águias que devagar cruzam seu voo O seu grito persegue a matilha das fúrias Que em vão tentam adormecer no fundo dos sepulcros Ou nos cantos esquecidos do palácio Porque o grito de Electra é a insónia das coisas A lamentação arrancada ao interior dos sonhos dos remorsos e dos crimes E a invocação exposta Na claridade frontal do exterior No duro sol dos pátios Para que a justiça dos deuses seja convocada