No palácio dos Átridas como em Elsinore Tudo era cavernoso - as paredes Eram grossas o espaço excessivo e sonoro Roucas as vozes da maldição antiga Porém em Micenas o sangue era exposto E corria vermelho como num grande talho Sujando apenas as mãos dos assassinos E a água da banheira - Lá fora o rio a luz Continuavam limpos e transparentes O crime era um corpo estranho - circunscrito - Não pertencia à natureza das coisas Em Elsinore ao contrário o mal era um veneno Subtil Invadia o ar e a luz - penetrava Os ouvidos as narinas o próprio pensamento - O amor era impossível e ninguém podia Libertar-se: O inferno vomitava a sua pestilência invadia As veias e os rios - No entanto o mal não se via: era apenas Um leve sabor a podre que fazia parte Da natureza das coisas