Esse que humano foi como um deus grego

Sophia de Mello Breyner Andresen

Esse que humano foi como um deus grego Que harmonia do cosmos manifesta Não só em sua mão e sua testa Mas em seu pensamento e seu apego Àquele amor inteiro e nunca cego Que emergia da praia e da floresta Na secreta nostalgia de uma festa Trespassada de espanto e de segredo Agora jaz sem fonte e sem projecto Quebrou-se o templo actual antigo e puro De que ele foi medida e arquiteto Python venceu Apolo num frontão obscuro Quebrada foi desde seu eixo recto A construção possível do futuro