Serenamente sem tocar nos ecos

Sophia de Mello Breyner Andresen

Serenamente sem tocar nos ecos Ergue a tua voz E conduz cada palavra Pelo estreito caminho. Vive com a memória exacta De todos os desastres Aos deuses não perdoes os naufrágios Nem a divisão cruel dos teus membros. No dia puro procura um rosto puro Um rosto voluntário que apesar Do tempo dos suplícios e dos nojos Enfrente a imagem límpida do mar.