Não leves nunca de mim  A filha que tu me deste  A doce, úmida, tranqüila  Filhinha que tu me deste  Deixe-a, que bem me persiga  Seu balbucio celeste.  Não leves; deixa-a comigo  Que bem me persiga, a fim  De que eu não queira comigo  A primogênita em mim  A fria, seca, encruada  Filha que a morte me deu  Que vive dessedentada  Do leite que não é seu  E que de noite me chama  Com a voz mais triste que há  E pra dizer que me ama  E pra chamar-me de pai.  Não deixes nunca partir  A filha que tu me deste  A fim de que eu não prefira  A outra, que é mais agreste  Mas que não parte de mim.