Que te vale, minha alma, essa paisagem fria
Essa terra onde parecem repousar virgens distantes?
Que te importa essa calma, essa tarde caindo sem vozes
Esse ar onde as nuvens se esquecem como adeuses?
Que te diz o adormecimento dessa montanha extática
Onde há caminhos tão tristes que ninguém anda neles
E onde o pipilo de um pássaro que passa de repente
Parece suspender uma lágrima que nunca se derrama?
Para que te debruças inutilmente sobre esse ermo
E buscas um grito de agonia que nunca te chegará a tempo
Que são longos, minha alma, os espaços perdidos...
Ah, chegar! chegar depois de tanta ausência
E despontar como um santo dentro das ruas escuras
Bêbado dos seios da amada cheios de espuma!