Rattus rattus rattus
(Pelas sarjetas de Ipanema e do Leblon)
Rattus rattus rattus
(Estupefatos gatos fogem de pavor)
Rattus rattus rattus
A tua louca simetria
Rói a raiz dos próprios fatos
Rattus rattus
E acaba roendo a poesia.
Rattus rattus rattus
(Foi o mesmo Deus que fez o lírio quem te fez?)
Rattus rattus rattus
(Tu multiplicas dois por quatro igual a dez)
Rattus rattus rattus
Impessoal procriador
Não chegues junto aos meus sapatos
Rattus rattus
Porque eu te mato, ó roedor.
É o rato é o rato
É o rato criança
Cujo artesanato
Lhe vem da lembrança
Do rato rapaz
Que guarda o retrato
Risonho e roaz
Do rato do rato
Do rato já velho
Que fuma charuto
Se olhando no espelho
E de quem os atos
Que a cifra amplifica
Um bando de ratos
Sempre ratifica.
Um rato de preto
E um rato de branco
Um rato de frente
E um rato de flanco;
Um rato de púrpura
E um rato de cáqui
Um rato de feltro
E um rato de fraque;
Um rato de imprensa
Que tem que viver
É um rato que pensa
Um rato abstrato
Que rói por roer;
Um rato esquisito
Que vive em Paris
É um rato erudito
Um rato de giz;
E além desses ratos
Os ratos da terra
Que servem a outros ratos
Que não são da terra
Tem dona Ratona
E os rato-ratinhos
Tão engraçadinhos
Brincando de guerra
Rattus rattus rattus etc...