Soneto de véspera

Vinicius de Moraes

Quando chegares e eu te vir chorando  De tanto te esperar, que te direi?  E da angústia de amar-te, te esperando  Reencontrada, como te amarei?  Que beijo teu de lágrimas terei  Para esquecer o que vivi lembrando  E que farei da antiga mágoa quando  Não puder te dizer por que chorei?  Como ocultar a sombra em mim suspensa  Pelo martírio da memória imensa  Que a distância criou - fria de vida  Imagem tua que eu compus serena  Atenta ao meu apelo e à minha pena  E que quisera nunca mais perdida... Oxford, 1939