Redondilhas para Tati

Vinicius de Moraes

Sem ti vivo triste e só  (Bastasse o que já sofri... )  Sem ti sou ermo, sou pó  Sou tristeza por aí...  Sem ti... ah, dizer-te a ti!  Mas se me cerra o gogó  Como se tivesse aqui  Um naco de pão-de-ló!  Sem ti sou pena de Jó  Sou ovo de juriti  Sem ti sou carandaí  Tamandaré, Mossoró  Sem ti sou um qüiproquó  Um oh, um charivari  Sem ti, sou de fazer dó  Sou de fazer dó-ré-mi  Meu benzinho de totó  Meu amor de tatuí.  Mas sou forte não reclamo  Sou bravo como Peri  - Não, mulher, já não te amo!  (É brincadeira, hem, Tati... )  Tati, Tatuca, Tatica  Onde ficou minha tática  Perdi toda a velha prática...  Esta vida é uma titica.  Ah, garota, francamente  Nem sei mais o que pensar  És tu que estás tão presente  Ou eu que fui me casar?  Não posso, Tati, te juro  Não posso viver sem ti  Tu és meu cantinho escuro  Meu verso por descobrir  És meu eterno oxalá  Em terra de alibibi  És meu trecho de Zola  Repassado por Delly  És Totonha, Tatiana  Tereza, e nunca Tati  És extrato de lavanda  Rotulado por Coty  Beatriz?... mas quem és tu  Para Dante abandonar?  Sereis um merci bocu  De praga de pai Exu  Para cima de moá?  Não! Tu és como o penedo  E eu... como a onda do mar  És a sombra do arvoredo  E eu... pastor a descansar  Sou o ouvido, és o segredo  És a luta, eu sou a paz  És Beatriz Azevedo  E eu Vinicius de Moraes.