Soneto de Londres

Vinicius de Moraes

Que angústia estar sozinho na tristeza  E na prece! que angústia estar sozinho  Imensamente, na inocência! acesa  A noite, em brancas trevas o caminho  Da vida, e a solidão do burburinho  Unindo as almas frias à beleza  Da neve vã; oh, tristemente assim  O sonho, neve pela natureza!  Irremediável, muito irremediável  Tanto como essa torre medieval  Cruel, pura, insensível, inefável  Torre; que angústia estar sozinho! ó alma  Que ideal perfume, que fatal  Torpor te despetala a flor do céu? Londres, 1939