Soneto de Oxford

Vinicius de Moraes

Oh, partir pela noite enluarada No puro anseio de chegar lá onde A minha doce e fugitiva amada Na madrugada, trêmula, se esconde... Oh, sentir palpitar em cada fronde O amor, oculto; e ouvir a voz velada Da última estrela que do céu responde Numa cintilação inesperada... Oh, cruzar solidões, viver soturnas Magias, e entre lágrimas noturnas Ver o tempo passar, hora por hora Para o instante em que, isenta de desejo Ela despertará sob o meu beijo Enquanto a treva se desfaz lá fora... Oxford, 1938